Se há coisa que me desilude é a experiência
que tenho tido nos centros de saúde da minha área de residência.
É que não consigo mesmo recordar-me de nenhuma
ida ao mesmo, em que não me tenha enervado.
Vou então partilhar algumas situações: as mais
graves. Porque na verdade, são muitas.
Certa manhã, acordo e deparo-me com uma
borbulha no braço que tem todo o aspecto de varicela. Uma bolha com água lá
dentro. ''Meu Deus, isto é uma vesícula, bora já para o centro de saúde, mas
como raio terei apanhado isto???''
Cheguei ao centro de saúde, dirigi-me às Sras.
Enfs. que não sabiam bem o que dizer perante a situação. Pois, a única vesícula
que tinha era a do braço, já nas costas, eram borbulhas como se de acne da
puberdade se tratasse. E elas não sabiam.
''Aqui não pode ser atendida, pois, não há
médicos, e os que há já estão cheios.''
Enervada, fiz 46km, ida e volta, até ao
hospital onde trabalho, num dia de folga, afim de perceber de que doença estava
eu a padecer. Fui atendida e era a dita varicela, o médico medicou-me
devidamente, Deus o abençoe, que praticamente não tive sintomas nenhuns, graças
ao Aciclovir. Mas avisou-me que tinha de ir na mesma ao centro de saúde para que me passassem a baixa, pois, não podia trabalhar, e ele não a podia passar.
Respirei fundo.
Lá foi a desgraçada enervar-se para o centro
de saúde, onde levei a mesma resposta. Expliquei que já tinha um diagnóstico e
só precisava de uma baixa. Que não, que viesse no dia seguinte de madrugada
para a fila, sob pena de não conseguir consulta. Até porque, só há consultas
para doentes sem médico, às Terças e Quintas-Feiras. O que significa que é
preciso ter sorte para se adoecer nas vésperas destes dias, caso contrário,
somos capazes de falecer.
Portanto estavam a mandar a pessoa com
varicela para o meio das outras pessoas, para os contagiar também, quiçá. Não
fui. Fui a outro centro de saúde da zona, à SAP. Tive mais sorte. Mas estive
rodeada de muitas criancinhas, que isto o que importa é que a pessoa vá para as
filas.
Fiz uma reclamação, à qual nunca obtive
resposta.
Há uns tempos também a minha mãe se dirigiu ao mesmo, de onde teima em não sair, quando tem um Subsistema de Saúde que lhe permite ir a Clínicas por valores mais baixos que no centro de saúde, mas a mulher é teimosa. A médica (dos utentes sem médicos) passou-lhe então as requisições para os respectivos exames de rotina. A minha mãe foi à tal Clínica onde vai todos os anos e eis que aquela requisição não podia ser utilizada naquela Clínica. Lá regressou ao centro de saúde solicitando à médica que lhe passasse outra requisição, pois fazia os exames naquela Clínica à mais de 20 anos. Que não, que se ela tinha o Hospital de residência onde podia fazer os exames (claro, quiçá daqui a dois anos, segundo as listas de espera), não tinha de lhe passar outra requisição. Eu estava presente. Não gostei da abordagem, porque considero que o utente pode ir fazer os seus exames onde quiser, era o que faltava ser a médica a decidir. Continuou a dizer que era caprichos, mas acabou por passar a requisição, muito mal-humorada. Serviu-me de argumento para voltar a persuadir a minha mãe a procurar um médico de Clínica Geral, utilizando o Subsistema de saúde a que tem direito. Mas não.
Agora quando engravidei fui logo ao centro de
saúde, solicitando as consultas de saúde materna. A Srª Administrativa
perguntou-me se iria ser seguida no Privado. Eu disse-lhe, que queria ver se
não (uma vez que o comum cidadão tem direito a algo chamado Sistema Nacional de
Saúde). E a Srª responde-me que ali não há Saúde Materna, tinha de ir para
outro centro de saúde vizinho. Esfreguei as mãos de alegria. Finalmente ia ter
um bom médico. Mas eu não entendo. Ou sou eu que tenho expectativas muito
altas... ou não sei. Entristece-me, mas eu não consigo. É que vai da
má-educação das Sras. Administrativas, quer comigo, quer com outra pessoa qualquer,
até ao médico, que não sabe fazer contas às semanas de gravidez e é igualmente
arrogante.
Preocupa-me que seja um problema meu. Mas sei
que há por aí bons médicos de centro de saúde. Por favor, levem-me a algum.
Mudo de casa se for preciso.
*centro de saúde com letra pequena ao longo do
post, derivado à importância que tem para mim.
Sem comentários:
Enviar um comentário