quinta-feira, 28 de maio de 2015

Os Angiomas


Para ser sincera, já os conhecia. Já tinha conhecimento de outros meninos que nasceram com as famosas manchinhas. Mas para mim chamavam-se apenas manchinhas-que-desaparecem-com-o-tempo.

Quando tu nasces-te, nesse mesmo momento puseram-te em cima de mim de barriga e cabeça para baixo, pelo que só consegui ver o teu pequeno traseiro. Após algum tempo, é que o pai te trouxe até mim, já vestida e aí consegui apreciar-te, tal como já referi em post’s anteriores, e aí é que verifiquei que tinhas uma série de manchinhas dessas, as-que-desaparecem-com-o-tempo, na zona do sobrolho, nem me preocupei, visto que como o próprio nome indica, desaparecem com o tempo. Ok, que se lixem as manchinhas que daqui a uns meses irão à vida delas. Só que depois vieras as visitas e cada pessoa que olhava para ti, questionava então e estas manchinhas são o quê? E eu respondia: ‘’ah e tal, desaparecem com o tempo’’. O teu pai dizia a toda a gente que foi das ventosas. Mentira. Há muitos meninos que nascem sem ventosas nem outros adereços e no entanto também nascem com as ditas. Após perguntar a tudo o que seja médico, enfermeiro e afins, lá me disseram que se tratava dos Angiomas do recém-nascido, e que efectivamente desaparecem com o tempo. O pediatra da L. foi mais além e disse-me, inclusive, que poderiam até crescer até aos 6 meses e então diminuiriam até desaparecer. Não foi o caso, não cresceram. Estão até mais pequenos. Passados 5 meses, e embora mais pequenos, as pessoas continuam a dizer: ‘’ainda tem as manchinhas’’ ou ‘’isto desaparece mesmo?’’ ou até mesmo quem não sabe do que se trata pergunta: ‘’ isto é uma alergia?’’ e já chegaram ao cúmulo de dizer: ‘’ andou-se a arranhar com as unhas não?’’. E eu lá tento explicar, que desaparecem-com-o-tempo. E há quem fique a olhar para mim com cara de espanto como se fosse algo extremamente… diferente?

Não. Efectivamente as manchinhas vão desaparecer e dispenso comentários como ‘’ainda não desapareceram’’. Isto não é coisa de dias, é coisa de meses. Muitos meses. Por outro lado também me sabe muito bem dizerem-me: ‘’uau, já mal se notam’’. Isso sim, são observações aceitáveis.

Se me importo com as manchinhas? Nada.

Se me importo com comentários inapropriados e repetitivos? Um bocadinho.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Desafio do dia


Se há algo extremamente desafiante, é tentar calçar-te um par de sandálias. Quando estou a calçar a segunda, já a primeira saltou para algures, e assim sucessivamente. Ainda bem que só tens dois pés!

domingo, 24 de maio de 2015

Casas

A minha casa de sonho (e não estou a sonhar muito alto)
 A casa de sonho do N.


Parece que vamos ter sérios problemas no futuro.

Pais e Avós



Pode dizer-se que a Lia só tem um avô e uma avó, não porque os outros tivessem morrido, mas por outros motivos, e como tal não tenho experiência para poder analisar a relação com a L.. Podemos chamá-los ‘’pais do pai’’. Então concentremo-nos nos Avós. 

Cinco meses depois de nasceres, posso afirmar que o que se costuma dizer dos avós estragarem os netos é bem verdade. Só tens cinco meses, é verdade, mas já tens uma grande inteligência no que às manhas diz respeito. Os pais educam, os avós deseducam, no bom sentido claro.
Nesta semana e meia de estadia em casa dos avós deste-me mais trabalho do que quando nasceste. Recomecei a trabalhar no dia 13 de Maio e tu ficavas com os avós ou com a Madrinha, nos dias em que era necessário. Chegava a casa extremamente cansada e estavas lá tu de braços abertos para me dares ainda mais trabalho. Confesso que me aproveitei um pouco desta estadia porque não estava sozinha e tinha alguém para tomar conta de ti mesmo que eu estivesse em casa. No entanto, fazias deles o que querias, ou melhor, eles faziam tudo o que tu querias. Não podias soltar um ligeiro grito, iam logo pegar-te ao colo. Estavas na cama e perdias a chucha ainda que a dormir, manifestavas o teu desagrado perante a situação e pumbas, iam logo buscar-te coitadinha da menina. Resultado, era eu que dormia no mesmo quarto que tu e enfim, toda a situação se reflectia nas noites. Se em casa dormias 12 horas por noite, na casa dos avós dormias 3 horas, acordavas, dormias mais 4, e claro, era eu que lá estava. Cheguei muitas vezes a deixar-te com o pai e ir dormir para a sala, a sentir-me horrivelmente mal e irresponsável por deixar o meu bebé, mas eu precisava mesmo de descansar . E a situação repetia-se noite após noite. Poderá ter sido também por teres mudado da alcofa para o berço ou por mil e uma razões, ou até mesmo sem razão nenhuma, só porque sim. Mas a verdade é que se me deste noites tão boas nestes 5 meses porque é que logo agora que comecei a trabalhar estás a fazer isto? E o grave é que de madrugada, quando te manifestavas, eu pegava-te ao colo e tu rias-te na minha cara, como se tivesse uma enorme piada.


Por isso minha menina, hoje vamos para casa e eu espero mesmo que tu voltes à normalidade, para bem da minha sanidade mental. Porque amanhã é o grande dia, vais para o Berçário, ainda que por pouco tempo, visto ser o primeiro dia. E se vai custar… 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

O regresso II


Eram 6h15 quando o despertador tocou. Já estava acordada há algum tempo. Levantei-me e fiz o que as pessoas normais fazem quando acordam. Tomei o pequeno almoço e nos entretantos, enquanto entrava e saía do quarto com os meus afazeres, tu acordas-te e começas-te a falar sozinha. Peguei em ti e ainda tive tempo de te dar o biberão. Olhavas para mim com uns olhinhos muito fofinhos. Na verdade, os olhos com que me olhas sempre. Mas só ontem consegui perceber o quão fofinhos eram. Quando terminas-te dei-te muitos beijinhos e tu estavas muito contente e eu a roer-me por dentro a pensar que daí a 10 minutos ias chorar imenso por não me veres em lado nenhum quando olhasses para o teu redor. Sentei-te na esperguiçadeira a ver os bonecos na televisão e tu muito atenta. Olhei para ti uma ultima vez antes de sair e percebi o quanto eras fofinha. E doeu o fechar da porta. Quando desci as escadas tive um leve aperto no peito, não por mim, mas por temer que sentisses a minha falta. Não sentis-te. Pelo menos não o manifestas-te. Fiquei descansada. Durante o dia pensei em ti muitas vezes. Mas sempre confiante que estavas bem. Melhor não podias ficar. 

O regresso


Afinal não custou assim tanto. Talvez porque sei que estás bem, visto que ainda estas em casa e não no infantário, ou talvez porque me conformei que eram só 6 horas e até passou rápido, ou então porque já estava ansiosa por voltar a trabalhar, ou quiçá porque sei que ainda não te apercebes da gravidade da situação que é ficar sem a mamã por algumas horas. Acho que é mais psicológico do que propriamente um sacrifício. A verdade é que não custou nada. Agora. Vamos ver dia 1 de Junho. 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Cordão Umbilical


Eu e tu estamos unidas por vários cordões umbilicais. O primeiro foi cortado quando nasces-te, o segundo, foi cortado hoje quando te deixei para ir trabalhar, mesmo que só por 6 horas. O terceiro será cortado quando casares, aos 40 anos claro, daqui a muitos anos. 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

As sopas


Como é que uma criança que ainda nem 5 meses tem, consegue devorar uma sopa que não sabe a nada em apenas 5 minutos?

Não é minha filha de certeza!


Está quase!


Faltam apenas dois dias para voltar a trabalhar. Agora sim, começo a ter medo. Sei que vou morrer de saudades tuas. Sei que vai ter saudades minhas. Ou então não. Tenho toda a certeza que no dia 13 de Maio quando o despertador tocar, o meu primeiro pensamento vai ser: Porque é que não aproveitei mais de ti enquanto te tive a tempo inteiro? Devia ter aproveitado cada segundo e não cada dia. Devia ter explorado mais. Devia ter passeado mais contigo. Logo agora que chegaram os dias quentes. Mas o despertador vai tocar e o meu Mundo vai desabar. Sofro por antecipação e sei que esse dia vai ser doloroso. Vou contar todos os minutos até te ter nos meus braços novamente. São apenas 6 horas longe de ti. Que vão parecer meses. São apenas 6 horas. Resta-me aproveitar estes dois dias que faltam, como se não houvesse amanhã.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Adenda ao post Hipocondria


Quando a L. nasceu, durante largas semanas senti uma espécie de falta de ar que me fazia estar todo o dia a respirar fundo. Então, auto-diagnostiquei-me e pensei tratar-se de uma embolia pulmonar ou alguma disfunção cardíaca que se desencadeasse após o parto. Não era. Era apenas ansiedade. E é isto.

Hipocondria


Acho que tudo começou quando andava no 9º ano, quando, em Ciências Naturais, se falava do corpo humano e respectivos sistemas. A cada novo sistema do corpo que aprendíamos, de uma doença nova eu padecia. Lembro-me quando a matéria era sobre o Sistema Digestivo, falou-se do cancro e de alguns sintomas e afins. Sei também que a partir desse dia, fiquei cerca de três semanas com dores de estômago. Não era. Claro. Mas acreditava piamente que era cancro do estômago e quando fosse ao médico já era tarde e por consequência morreria.
Acho que desde essa altura já tive na minha cabeça milhares de doenças incuráveis. Cancro na cabeça quando tinha enxaquecas. Insuficiência renal quando por qualquer motivo fazia xixi poucas vezes por dia. Leucemia quando me apareciam nódoas negras sem que eu me lembrasse de as ter feito. Pneumonia quando me constipava. Tuberculose se tivesse um pouco de tosse. E etc. E depois claro, os enfartes quando sentia uma picada que fosse no peito, e avc’s e etc. 

Quando fui trabalhar para o hospital, por um lado melhorei um pouco porque aprendi a valorizar a minha saúde, olhando para os doentes, que esses, sim, estavam gravemente doentes. Por outro lado, acabo também por associar as doenças deles, com possíveis sintomas que eu nem tenho mas depressa começo a senti-los.

Depois pergunto às pessoas próximas de mim, que geralmente é a desgraçada da C. algo como: ‘’olha sinto isto assim assim tu também já sentis-te? É normal?’’ e ela lá me responde que sim, que é normal. E eu fico mais descansada e já nem penso mais nisso. Às vezes são sintomas ou sinais que eu já tive, mas só quando não tenho nada que fazer é que decido dar importância. Em vão. Eu sou uma ingrata, Deus me perdoe, sempre fui saudável, é raro constipar-me, mas ainda assim não sei a sorte que tenho.

A hipocondria é grave. Não gosto de lhe chamar doença, porque para mim, não o é. É a apenas uma forma que eu arranjei para dar valor a mim própria e a preocupar-me comigo em primeiro lugar. L. à parte, claro. Engraçado que não sou nem um bocadinho hipocondríaca com a L. Ela acabou de nascer. Tem a saúde toda em altas. Eu também, na verdade. Só nasci um pouquinho mais cedo.

Não sou pessoa de ir a correr para os hospitais assim que acho ter algo grave, porque também sei, que sou só eu a imaginar coisas.


Sou hipocondríaca, mas tenho a noção disso, e por esse motivo levo-a na brincadeira e divirto-me imenso quando tomo consciência das doenças que já pensei ter. 

Serviço público vs Serviço privado III


Após a L. nascer, como burra assumida que sou, continuei a ser seguida no Centro de Saúde. Da parte da Enfermagem não me posso queixar, de facto. Da parte médica, digamos que não é algo que me suscitasse interesse em ir às consultas. Visto que era apenas um médico de família que a observava e não um Pediatra. Há algo que separa um médico de família de um Pediatra. É a especialização, mesmo. Mas tudo bem. Eu prometia a mim mesma que em breve marcaria consulta com um Pediatra. Mas ia-me deixando ficar, acabando por adiar a situação. Certo dia, aquando da consulta dos 4 meses, altura que para mim, é extremamente importante, já que íamos iniciar a sopa e papa, eu dirijo-me ao Centro de Saúde com o objectivo de a L. ser atendida pela enfermeira e posteriormente pelo médico. Tal não aconteceu. Quando cheguei à recepção para dizer que cheguei, a administrativa respondeu-me algo como: ‘’o Dr. X já cá não está, foi transferido. ‘’ Oi?????? E ninguém me avisou porque…. A senhora lá alegou que a colega tinha ligado para toda a gente. Mentira. A mim ninguém me ligou. Tenho o telemóvel ligado 24h por dia e sou menina para atender uma chamada às 4h da manhã independentemente de quem seja. Não ligou ponto final. Não venha dizer que não conseguiu entrar em contacto. Posto isto, foi observada pela enfermeira como sempre, levou a respectiva vacina. E médico… nada. Nem veio um desgraçado de um substituto qualquer vê-la só para se dizer que não foi embora sem ser vista. Por alguma razão no Boletim do Bebé existe uma folha ‘’Consulta 4 meses’’ que se destina às observações do MÉDICO. Então adeusinho, vá com Deus e até para o mês que vem.

A questão é: Não vai haver mês que vem. Não ali.


Não se deviam sequer admitir transferências de médicos para outros locais quando não se consegue alguém para garantir o lugar dos mesmos.  

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Serviço público vs Serviço privado II



Acabei por ficar então três horas no hospital à espera de nada, para nada. Como ia trabalhar e sendo que trabalho também num hospital, acabei por ser vista muito à pressa por um médico do hospital que NÃO TEM DERMATOLOGIA NEM OSTETRICIA NEM O MÉDICO É DERMATOLOGISTA NEM OSBTETRA, a verdade é que me receitou medicação para a alergia passar e ainda se deu ao trabalho de ligar a um hospital com as devidas especialidades e perguntar se a podia tomar, visto estar grávida. Agradeci mil vezes e questionei-me como pode isto acontecer. Alergias à parte, comecei a ser seguida pelo médico de família que percebe de tudo menos grávida e bebés. Talvez por achar que ia ser dispendioso o número de consultas que ia ter na clínica ou talvez por estupidez, mas tomei a decisão de ser seguida no centro de saúde. Claro que, ainda antes do meio da gravidez, me arrependi mas depois tive vergonha de voltar à clínica. Idiotices. Mas lá tive de aguentar. Felizmente não voltei a precisar de cuidados que me levassem à urgência. Passado uns meses, aquando da hora do parto, tive a certeza de que, engravide as vezes que engravidar, não vou voltar a ser seguida no serviço público. Fui para o hospital, já depois das 40 semanas, não havia contracções, não havia dilatação e tudo indicava que estava tudo muito ‘’em cima’’. Fiquei internada e após vários toques chegou-se à conclusão que a criancinha, para além de estar mal posicionada, tinha uma mãozinha à frente da cabeça. Mas ainda assim, decidiram continuar e provocar o parto na mesma. Penso que se o parto tivesse sido feito pelo Dr. R.R, talvez nada disto tivesse acontecido. Ou talvez acontecesse na mesma. Mas a verdade é que o serviço nacional público funciona mal. Se há sítios em que até funciona bem, sim, deve haver. Mas no meu caso foi mau. Muito mau.

E sim, escrevi serviço nacional público com minúsculas, porque para mim, não merece mais.

Serviço público vs Serviço privado I



Antes de engravidar as minhas consultas de ginecologia, eram realizadas numa clínica privada, já à alguns anos. Adorava o ambiente, os cuidados, o atendimento, tudo! Assim que soube que estava grávida, com apenas 5 semanas de gestação, liguei logo para lá. Tive consulta logo no dia seguinte, onde foi realizada a primeira ecografia. Foi me facultado também um papel onde constava todo o percurso da gravidez, desde as consultas mensais até ao Parto, que era realizado pelo meu médico que é também obstetra. Voltei lá duas semanas mais tarde para confirmar e viabilizar a gravidez. Fiz nova ecografia e o médico prescreveu as respectivas análises. Muitas. A dada altura e devido a poder usufruir de isenção no serviço publico, comecei a ser seguida no médico de família. Até que certo dia, já com 9 semanas de gravidez, quase nada, me apareceram umas manchas no corpo todo e muita comichão. Como hipocondríaca que sou, achando que era uma reacção alérgica gravíssima a algo não identificado, dirigi-me a um hospital público onde fui direccionada para a urgência de obstetrícia. Foi feita a triagem e colocada a pulseirinha azul. Não urgente. E cada vez me aparecia mais manchas. Fui vista pela médica que me encaminhou para a Dermatologia. Como não existe urgência de dermatologia, fui directamente para as consultas da mesma. Cheguei lá e estavam cerca de vinte pessoas sentadas e ansiosas pela sua vez. Eu sentei-me também a aguardar. Sempre com a minha pulseirinha nova claro. Bem, o médico chamava toda a gente e eu continuava ali muito fofinha à espera que alguém se lembrasse que eu estava ‘’na urgência’’ de ‘’OBSTETRÍCIA’’, mas não. Ninguém reparou. Até que me levantei a quando a chamada de um senhor muito fofinho também e perguntei ao médico se tinha de esperar que a sala vazasse para ser atendida. Ao que ele me respondeu que sim, tinha de esperar. E eu ripostei que estava grávida, na urgência e cheia de manchas no corpo. E ele fechou-me imediatamente a porta na cara. E eu, muito fofinha, fui pedir o livro de reclamações (o que não deu em nada, porque me responderam a dizer que se tinha pulseira azul é porque não era urgente). O serviço público no seu melhor.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

A Amamentação


Cerca de três horas após nasceres, a enf. Perguntou-me se queria amamentar. Respondi imediatamente que sim. Quando começas-te a mamar, devias estar esfomeada coitadinha, correu bem. Mas nem sempre foi assim. Voltas-te a mamar algumas horas depois, e depressa largavas a tua fonte de alimento, o que era normal visto que ainda estavas a aprender a fazê-lo e eu também claro está. Mas a verdade é que tu mamavas muito pouco mesmo. Até que no dia seguinte, ainda no hospital, tiveste uma quebra de açúcar, e eu fiquei traumatizada para o resto da vida. Que horror. Era culpa minha. Era eu que não insistia o suficiente para que comesses. Fomos para casa. A saga continuava. Ficavas 10 minutos e largavas ou adormecias ou começavas a berrar. Era horrível. Não aguentavas as 3 horas, só te calavas quando te punha a mama na boca. Comecei a tirar o leite com a bomba e a dar-te com o biberão e tu devoravas o leite em 2 minutos. Mas o leite era pouco. Tu ficavas sempre a sugar no vazio e não ficavas satisfeita. Até que fui obrigada a dar-te o leite de lata e tu acabas-te por perder o interesse pela mama. E eu fiquei contente porque já não tinha de ter essa preocupação e tu ficavas satisfeitíssima. Se me arrependo? Muito. Se calhar podia ter continuado a insistir, tinha produzido mais leite e por consequência hoje estava elegante. Mas não aconteceu. Posso dizer que odeie amamentar (Deus me perdoe), mas arrependo-me de não ter tentado mais tempo por mim, mas acima de tudo por ti.


P.S: A tua avó diz que quando cresceres vai contar-te que fui eu que não te quis amamentar. Não acredites. Calunias. 

terça-feira, 5 de maio de 2015

A escolha da Madrinha


Um drama não muito dramático.



Quando engravidei, comecei logo a sonhar com todos os pormenores que se aproximavam. Um deles foi, efectivamente a escolha da Madrinha. Eu no fundo, sabia bem quem escolher. Nunca tive dúvidas. Mas havia algo que me atormentava. Há uns anos, quando era uma adolescente irritante, tinha trocado promessas com a S. e havíamos prometido uma à outra, ser a madrinha do primeiro filho de cada uma. Mas os anos foram passando, nunca claro, deixando de ser amigas, mas houve um afastamento, e infelizmente, por vezes, os afastamentos mudam tudo. Até mesmo promessas antigas. E existia também a C. que era minha amiga há quase 20 anos, tal como a S. Então o que faria eu? Agia pelas promessas? Ou por afinidades. Ponderei várias vezes escolher as duas. Mas achei que não seria justo. Optei por escolher a C. porque, de facto era ela que sempre me acompanhara nos últimos anos, era com ela que eu saía frequentemente e era ela a pessoa indicada. Quando a S. soube da gravidez, perguntou imediatamente quem iria ser a Madrinha. As minhas perninhas finas, tremeram de imediato, ao dizer o nome C., ela aparentemente compreendeu, mas sei que ficou uma ligeira mágoa, perfeitamente compreensível. Sei que a S. não ia ser pior Madrinha do que a C., mas as circunstâncias levaram-me a escolher a C. Isto para dizer que nunca se sabe o dia de amanha e a S. ainda poderá vir a ser a Madrinha de rebentos futuros. Mas não vou prometer. Nunca se deve prometer. Não sobre Madrinhas e Afilhados. 

Silhueta (Im)perfeita


Há uns anos atrás, eu era magra, pesava cerca de 60kg, o ideal para a minha altura, 1,70m. Chegava a não gostar do meu corpo, achando que estava magra de mais. Principalmente nas pernas, já que era alta. Passava os dias a pesar-me e comia muitas vezes sem fome para ver se engordava. Idiotices de adolescente. Até que engravidei. No inicio da gravidez pesava cerca de 65 quilos, e, como costuma acontecer emagreci. Emagreci uns 4 quilos. Fiquei assustada, mas não muito, já que sabia que daí a uns meses ia recuperar o peso e até mais ainda tendo em conta o pequeno texugo que tinha dentro de mim. Os meses foram passando e não engordei muito. Apenas o normal. Engordei cerca de 15 quilos. Ok, talvez um pouco mais que o normal. No final da gravidez eu tinha cerca de 80 quilos. Após o nascimento, fiquei com uma barriga feia, que eu julgava ficar sem ela brevemente. Mas não aconteceu. As perninhas, essas, continuam magritas mas a barriga coitada, para além de grande, está pendurada, ainda. Talvez porque como comia 1 tablete e meia de chocolate por dia, ou talvez porque passo a vida esparramada no sofá. Por não me sentir bem com o meu corpo, fui para o ginásio, comecei a fazer abdominais em casa e até saltar à corda, em casa também. Os vizinhos de baixo deverão achar que há cavalos cá em cima. Mas a barriga mantém-se. O que me leva a acreditar piamente, que para a semana quando recomeçar a trabalhar, a barriga vai desaparecer em três tempos. Isso ou uma Lipoaspiração. Antes do Verão, de preferência. 

Pequena adenda ao post Maternidade II


No dia 14 de Dezembro de 2014, quando tu nasceste, às 02h07 da manhã, temi estar a ficar senil ou com alguma patologia grave. Tu nasces-te, eu nem olhei para ti. Queria muito ver-te, mas ao mesmo tempo não te queria ver nem tocar enquanto não estivesse bem e em condições para o fazer. Lembro-me como se tivesse sido esta noite, que tu sais-te à força, num piscar de olhos já cá estavas fora (embora tivesse esperado 48 horas como já referi), puseram-te em cima de mim, consegui sentir que eras gorda pesadota, e estavas coberta de fluidos brancos que mais parecia que tinhas sido barrada com hallibut, não te vi a cara. Uma enfermeira levou-te para te vestir com a roupa preparada à 5 meses e que estava à dois dias ‘’no sitio onde se vestem bebés acabados de nascer’’. Mandaram o pai vestir-te, mas ele morria de medo de te partir ao meio. Estavas mesmo a 2 metros de distância de mim, a ser preparada e eu nem queria olhar. Queria certificar-me primeiro que ficava bem e aí sim, ia ter-te nos meus braços. O pai trouxe-te até mim e disse-me: ‘’tem o teu nariz’’, não tens, graças a Deus. E aí sim, vi-te, mas não com muita atenção porque o trabalho que tu me tinhas feito, ainda não estava concluído. Quando finalmente a médica terminou de coser tudo o que tinha direito, eu estava então preparada para te receber. Amamentei-te, choras-te, apreciei-te. Adorei o teu choro, adorei tudo. Mas faltava algo, ou melhor, eu julgava que faltava. Tinha a sensação que não te amava. Aquele amor que todas dizem que sentem quando vêem os filhos pela primeira vez, eu não o sentia. Talvez por estar extremamente cansada, ou por já te ter ali e não dar importância ao verdadeiro sentimento, algo me parecia errado. Com o passar dos dias, eu ainda sentia o mesmo e estava verdadeiramente preocupada. Depois sentia uma espécie de falta de ar, principalmente quando saía à rua, só me apetecia respirar fundo. Uma serie de patologias sem cura me passaram pela cabeça, até que percebi que seria ansiedade e era isso que me estava a inibir de te amar, mentira, eu já te amava, só não o conseguia sentir. Hoje posso dizer que te amo muito mais de que ontem e que amanhã te vou amar muito mais que hoje. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O Antes e o Depois II


Quando comecei a trabalhar aos 18 anos, após terminar o 12º ano,  adorava o que fazia, ganhava o meu dinheiro, que não era assim tão pouco para uma pessoa que vivia com os pais e não tinha despesas a não ser pequenos luxos, e era feliz. Mas sempre com a ambição da independência. Tinha uma vida óptima. Mas faltava-me algo. Alguém. Até que esse alguém apareceu, e após longos meses decidimos ter uma vida conjunta, em que,  claro está, a vida luxuosa que havia tido em tempos, morreu. Agora sim, havia despesas, havia contas para pagar, e os pequenos luxos teriam de ser diminuídos, mas sempre com a ajuda dos meus pais, aqueles que, em tempos eu queria ‘’longe’’, esses, nunca deixaram de me ajudar, mesmo que por vezes discordassem do que quer que fosse. Engravidei, tive a minha filha e a vida que sempre sonhei quando era uma adolescente irritante, está a ser concretizada, embora ainda não tenha passado sequer uma década desde a minha adolescência, mas aos poucos, o que ambicionava está a realizar-se. Contudo, falta-me algo. Os meus pais, a minha vida de solteira, e sobretudo, a minha adolescência, que foi vivida tão à pressa.

Se eu pudesse voltar atrás, voltava. Ainda hoje. Mas levava a minha filha comigo. 

O Antes e o Depois I


Se eu pudesse voltar atrás, voltava. Ainda hoje.
Olho para mim e apercebo-me do que mudou. Como eu era e como eu estou, no espaço de 3 anos, não mais, renasceu um novo eu em mim. Para melhor sim, e talvez para pior também.

Quando era uma adolescente irritante, só pensava no futuro, e no quão brilhante um futuro me esperava. Iria ter trabalho, dinheiro, alguém que me amasse, constituiria família, teria muitooos filhos, e os sonhos eram imensos. Só pensava em crescer, em tornar-me alguém, e sair de casa dos pais chatos que eu tantas vezes respondia mal e achava que não me deixavam nem queriam que eu crescesse, irritava-me pensar que me queriam só para eles. Tantas discussões, tantas ameaças ‘’ quando tiver um trabalho vou-me embora, estou farta de vocês’’ e as respostas eram algo do género: ‘’ deves estar lá muito tempo’’, ou apenas uma expressões faciais de gozo como que se nunca se viesse a concretizar. Mas isso era apenas o que a cabeça de uma adolescente irritante pensava. Era muito para além disso. Eles só queriam o meu bem. Mas eu, teimosa e ambiciosa que sou, queria ver por mim. E assim foi. 

domingo, 3 de maio de 2015

Dia da Mãe


Hoje é o Dia da Mãe, e a única coisa que tu me ofereces-te foi um ataque de nervos derivado às tuas birrinhas que só tu sabes fazer. Espero algo melhor para o ano que vem.

A Maternidade II



Agora sim, a maternidade. Quando percebi que não tinha morrido no parto fiquei radiante, era mãe de uma menina linda, e afinal não tinha morrido. Hoje posso afirmar que quem diz que ama o seu rebento desde que soube da sua existência, desde que o sentiu, desde que o viu pela primeira vez no computador do Consultório Médico, mente. Falo por mim, e não sou menos, nem amo menos a minha filha de que as outras mães amam os seus filhos, mas efectivamente, o amor por um filho cresce a cada dia que passa e só se manifesta quando este nasce. Quando penso na minha vida há um ano atrás penso na felicidade que tinha, nas expectativas que tinha e acreditava amar uma pessoa que ainda não conhecia, estava apenas a crescer dentro de mim. A partir do dia em que nasceste, deixei de sentir a felicidade que sentira quando te tinha na barriga, as expectativas que tinha, não estavam em conformidade com a realidade. Comecei sim, a sentir preocupação, medos (novamente), angustia e isso sim, era o inicio de um grande amor, um amor eterno cuja tendência era aumentar. E aumentou, e aumenta a cada dia que passa. Nada é como imaginei na gravidez. É tudo diferente. Mas é bom. É muito bom e tem um gostinho especial precisamente por ser quase o oposto daquilo que eu imaginava. O meu amor por ti cresce a cada dia que passa e hoje posso dizer, que no dia 07 de Abril de 2014, eu não te amava, nem um bocadinho. Eras apenas um pedaço de mim que estava a crescer dentro do meu útero. E sabia-me bem saber que alguém estava dentro de mim a crescer para hoje ser o amor da minha vida. 

O Parto II



Quando me instalei no quarto que era também o Bloco de Partos, pensei e desejei que dentro de horas estaríamos agarradinhas uma à outra. Mas não. Após tentativas de provocação de parto, com o auxílio de comprimidos dentro da bochecha, toques e afins, tu teimavas em não dar o ar da tua graça. Claro, coitadinha, estavas mal posicionada e as pessoas más queriam que fizesses tudo sozinha. Sim, porque apesar de se verificar que não estavas no sítio certo, decidiram continuar o arraial e esperar… pelo impossível, porque nunca ias sair sozinha. O que mais me custou no meio disto tudo acho que foi mesmo o facto de só poder comer gelatinas. No sábado, dia 13 de Dezembro, os médicos acharam que se calhar já chegava de me fazer sofrer, a mim, e a ti, e decidiram provocar o parto desta vez com medicação endovenosa. E assim foi. Aí sim, vieram as dores, cada vez mais fortes. Finalmente eu estava a sentir contracções. Que emoção. As contracções. Embora tivesse passado a gravidez toda a negar a Epidural, porque tinha medo de ficar paraplégica (Hipocondria aguda), tive de a solicitar, pois, já não suportava mais. Finalmente nasceste, às 02h07 de Domingo, dia 14. Chovia imenso, fazia uma ventania que se conseguia ouvir pela janelinha que havia no tecto do quarto. Eu estava tão abananada que nem dei conta de tu saíres. Eu já só queria despachar tudo de uma vez. Estava cansada. Muito. Precisava de descansar e passei dias sem o conseguir poder fazer. 

sábado, 2 de maio de 2015

O Parto I


No dia 9 de Dezembro de 2014, já tinhas 40 semanas de vida (intra-uterina), mas achavas que podias ficar no quentinho, o que se justificava visto que era Inverno. Mas na realidade não podias, não só porque estavas pesada e eu gorda que nem uma porca, como também porque eu tinha uma vontade imensa de te ver, de te tocar, de te cheirar. Ficas-te mais uns dias graças à tua teimosia e para sair tiveste de ser obrigada e com ajudas das amigas ventosas, essas malvadas. Quando cheguei ao Hospital no dia 12 de Dezembro de 2014, com a tua mala, que eu fizera quando tu tinhas apenas 5 meses de vida intra-uterina, a minha, e uns bollycaos. Mal eu sabia que não os ia poder comer, a Obstetra fez-me o toque e como sempre ainda estava tudo muito atrasado e o parto ia-se dar sozinho. Claro. ‘’Adeus, vá para casa e volte terça-feira, mas não deve aguentar até lá’’. Então mas… Terça-feira já faz 41 semanas, porque raio é que haveria de esperar mais? Eu queria ter-te nos braços. Já havia passado muito tempo. Até que um anjo apareceu e disse: ‘’ Não, esta senhora fica internada e vamos provocar o parto’’. A mim só me apeteceu saltar-lhe para o colo e dar-lhe beijos. Fiquei internada, cheia de medo de morrer no parto, porque achava que sim, que algo errado podia acontecer. Acho que todas as mulheres têm este receio. O descontrolo das hormonas também ajuda a dramatizar. Instalei-me no Bloco de Partos, onde havia uma cama, uma casa de banho e uma espécie de cama de bebé vs muda-fraldas vs incubadora. Era apenas o suporte onde tu virias a ser vestida e arranjadinha antes de vires para o colinho da mamã. 

Agradecimento

Um agradecimento especial à Palmier Encoberto que com muita paciência me elaborou o Header. Um beijinho

A Maternidade I



Desde sempre tive o sonho de ser Mãe. Nunca tive irmãos, e isso custou-me bastante a ultrapassar quando ainda era uma criança cujo único sonho era ter um irmãozinho para poder tomar conta. O tempo foi passando e acabou por não se proporcionar. Os anos foram passando (não tantos) e claro, o sonho de ter irmãos transformou-se noutro tipo de sonho, o de ser Mãe. Por este desejo ser tão ambicioso, vinha acompanhado de medos, o medo de não o poder concretizar por qualquer motivo que fosse. Mas um dia, o dia 07 de Abril de 2014, todos os medos foram aniquilados quando um tracinho cor-de-rosa mudou a minha vida. Nesse dia houve um misto de sentimentos, desde alegria, pânico, dúvidas, e medos, mas desta vez era um medo diferente, o medo de perder o bebé, de que algo poderia estar errado. Posso até dizer que até ao dia em que te vi e te toquei, uma série de medos e de possíveis acontecimentos negativos me passaram pela cabeça. Logo no dia seguinte ao descobrir-te, fui ver-te. Eras apenas uma bolinha preta que quase era precisa uma lupa para te ver na Ecografia. Tinhas 5 semanas de vida. O Dr. R.R disse-me imediatamente: ‘’Não ponha nos jornais porque não sabemos se é viável’’. Tudo bem, para mim já era mais do que viável, porque o que quer que acontecesse, tu já estavas dentro de mim, eu já era Mãe, já nada importava. Fui ver-te novamente duas semanas depois. Eras uma bolinha um pouco maior, desta vez já não eras preta, já tinhas uma sombra branca que se podia chamar coração e que eu ouvi com todas as emoções e mais algumas. Finalmente, eu já tinha alguém que me viria a chamar Mãe, dentro de mim, a crescer dentro da minha barriga. O Dr. R.R voltou a citar: ‘’Não ponha nos jornais, olhe que ainda são só 7 semanas’’. Eu queria lá saber, só me apetecia gritar ao Mundo. Mas não gritei. Contei apenas às pessoas mais próximas, e, às restantes ia contando… Podia continuar a contar cada dia que passou da tua vida intra-uterina, neste caso, da minha, porque me lembro de cada momento, de cada sensação, como se tivesse sido hoje de manhã, mas não vou fazê-lo. Não hoje.

Como tudo começou...

Bem, podia dizer que tudo começou no dia 14 de Dezembro de 2014, quando te dei à luz e tu entras-te de mansinho brutalmente na minha vida, como podia dizer que tudo começou no dia 7 de Abril do mesmo ano em que descobri que vinhas a caminho para alegrar e modificar a minha vida, ou atrever-me mesmo a dizer que tudo começou no dia 24 de Novembro de 1992, quando eu nasci.


Mas a verdade é que tudo começou hoje, dia 2 de Maio de 2015 quando decidi dar vida a este Blog.