terça-feira, 7 de julho de 2020

Há um ano atrás III




Na noite anterior a médica que me observou fez o favor de me romper a bolsa e eu sem saber de nada.
Acordei, fiz a minha higiene diária, tomei o pequeno-almoço, até que... de quando em vez, sentia que estava a fazer xixi nas cuecas. Mas não saía nada. Tantas foram as vezes que tive esta sensação, que acabei por colocar um penso. E a sensação continuava. Será incontinência? Pensava eu. Querem ver que a criança me danificou a bexiga? Temia eu.
A L. foi passar a tarde com a amiguinha Y. Foram ao cinema. E nós aproveitamos para ir às compras. Mal sabíamos como íamos acabar a noite. Lembro-me de estar no Jumbo e a fazer xixi (?) aos poucos. Mas o penso estava limpo e cristalino, sem coloração amarelada que denunciasse urina.
Ao final da tarde, a L. chegou, e eu fui caminhar para a zona ribeirinha com a minha amiga A., para ver se a coisa acelerava.
Antes de sair, fiz o xixi. E o penso sempre limpo, ao retirá-lo percebi que estava pesado. Algo era. Completamente transparente, o que quer que fosse.
Deixei-o estar. De propósito.
Fui caminhar e cada vez mais sentia qualquer coisa a sair.
Caminhamos um pouco, despedimo-nos, cada uma entrou no seu carro.
Ao chegar à minha rua, já decidida a ir ao hospital, deixo o carro na rua e não na garagem. Levanto-me e percebo que o banco está com uma mancha de água no meu lugar. E toda eu irradiava alegria.
Era desta!!!
Cheguei a casa, jantei, saímos, deixamos a L. nos meus pais, e lá fomos nós.
Ah, ao deixar a L., a minha mãe, ainda soltou um: ''Chegas lá, vens corrida outra vez'', sempre pronta a animar-me.
Chegamos ao hospital. Triagem: ah e tal, estou a perder líquidos. DESDE MANHÃ. Pulseira laranja, ou amarela, não me lembro bem, SHAME ON ME.
CTG - nada de contrações (querem ver que a minha mãe tinha razão???)
Quando fui observada pelo médico: ‘’Abra lá as pernas e tussa, para ver se é líquidos!
Tossi. Assentiu com a cabeça e um ligeiro dobrar de lábios como que a dizer que sim.
E eu respondi: ‘’Mas eu nem tenho dores!!!’’
Ao que o dito responde: ‘’Alguma coisa há de ter, pois, tem 4 dedos de dilatação, está em trabalho de parto.’’
O quê??? Estive cá ontem e só tinha 1. Foi aí que percebi que a tal médica, ao fazer o toque, atiçou a fera e acelerou o processo.
‘’Vai ser internada.’’
Afinal se calhar não estava preparada ainda. Quem me dera nesse momento poder voltar para casa e não ser nada, como dissera a minha mãe, só para me preparar psicologicamente, tal era o medo.
Perguntou-me ainda se queria Epidural. Disse que não, pois, podia ficar paraplégica. Riu-se na minha cara. E eu, já mais séria disse que, queria tentar não levar, pois, segundo tenho ouvido, as dores toleram-se, excepto as provocadas pela oxitocina, algo que, se já estava em trabalho de parto, não iria levar. (Eu, armada em profissional de saúde)
Ele responde que como estava a perder liquido há muitas horas, teriam de administrar, para acelerar. Lá assinei aquele consentimento que é como quem diz, se morrer ou se ficar paraplégica, não nos responsabilizamos.
O N. foi ao carro buscar as tralhas que já la estavam desde as 35 semanas.
Fui para o quarto, visti a bata. E vá de aguardar. Não falo dos clisteres porque acho que já são muitos pormenores, e quem me lê, pode não aguentar.
23h59...
Continua...

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