quarta-feira, 8 de julho de 2020

Há um ano atrás IV...



00H00..
Continuamos à espera.
Vem um, faz o toque. Ah ainda não está.
Vem outro. Idem aspas.
03H00..
Rompe-se-me tudo o que faltava romper, e uma inundação surge por baixo de mim (mais pormenores adoráveis).
Chamo alguém. Claro que é sempre a desgraçada da Assistente Operacional que vem. 95% das vezes que chamamos, é para o Enfermeiro... Mas são sempre as desgraçadas que andam para trás e para a frente. Adiante.
‘’Acho que a bolsa rompeu na totalidade, sinto que estou toda molhada.’’
‘’Deixe cá ver.’’
‘’Ah pois foi.’’ Vá de meter resguardos.
Foi-se embora.
Então mas... e agora?? não vêm tirar a criança???
Não vieram.
A partir daí sim, começaram as contrações. Ainda um pouco espaçadas.
Esta brincadeira desde as 03h e tal da manhã, até às 8h, sempre a penar, mas sempre a recusar a epidural.
Ás 9h mais ao menos, cheia de contrações espaçadas por menos de 1 minuto, mandam-me ao WC tomar banho (diz que a água quente na barriga ajuda, deve espantar a criança, obrigando-a a sair, digo eu.). No longo caminho de 3 metros de distância, amparada pela Enfermeira, peço: ‘’Bem, se calhar quero a epidural.’’
Ela responde: ‘’ah, mas já está com 10 dedos de dilatação, alguns médicos já não gostam de dar nesta altura.’’
Eu cheia de medo e temendo o pior: ‘’ah então é porque pode acontecer algo ainda pior, então quem aguentou até agora, aguenta mais um pouco.’’
Cheguei a sanita, tive uma contração tão grande, que durante aqueles segundos só pensei: mas o que é que eu tinha na cabeça para me meter nisto de ter um bebé outra vez?????? Podia estar sossegada em casa a dormir.
Assim que passou, voltei para a cama, nem tomei banho nenhum, são doidos ou quê? Saía-me a criança na cabine duche, batia com o crâneo na grelha e ia para a neonatologia UCI com um traumatismo crânio-encefálico?
Não. Fui para a cama a passo rápido, para não me dar mais nenhuma naquele espaço de 3 metros.
Nisto chega um bando de pessoas, entre médicos, enfermeiros e 1 assistente operacional.
Ai meu Deus. Que é agora. Eu já só queria despachar a coisa.
Faça força. Faça força. Repete 20 vezes.
E eis que às 10h20 nasce sua excelentíssima.
Parto normal, sem epidural. E o orgulho que eu tenho em dizer/escrever que não levei epidural???
Levar pontos. Questionar a médica, durante a sutura, se podia ter alguma embolia, se podiam ter ficado restos de placenta cá para dentro que me iam fazer uma infecção e provocar uma septicemia, entre outras perguntas estupendas.
Dar maminha. Criança mamar como se já o tivesse feito antes. Ir ao WC, perder jactos der sangue no caminho, e assustar-me. MUITO. Mas tudo bem. Ir para o quarto onde iríamos viver nos próximos 2 dias. O resto fica na intimidade.
Ah... e o mais importante... Ligar à minha mãe, e esfregar-lhe na cara, que afinal, a criança nasceu mesmo.

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